Se você trabalha com e-commerce ou transporte de mercadorias, certamente conhece bem esses números: entre 2011 e 2016, o Brasil ultrapassou a assustadora marca de 100 mil casos de roubo de carga, totalizando prejuízo de cerca de R$ 6,1 bilhões.
Em São Paulo, esse crime cresceu 10% em agosto de 2017 em relação ao mesmo período do ano anterior. No Rio de Janeiro, o cenário não é menos desanimador: entre 2014 e 2016, os casos de roubo a caminhões de carga aumentaram incríveis 67,5%.
Esse dano acaba sendo repassado ao consumidor final, uma vez que a transportadora é obrigada a ampliar seus investimentos em apólices de seguro, escolta armada e sistemas de rastreamento de carga, aumentando o preço do frete.
O problema é que essa necessidade de ajuste prejudica ainda mais um setor já em extrema dificuldade e cujos valores de frete estão defasados há anos (o frete no Brasil custa hoje 24% a menos do que deveria custar).
Como então diminuir os riscos, evitar a perda de mercadorias e prevenir ações criminosas? Separamos algumas recomendações de especialistas para tornar seu negócio mais lucrativo, sem colocar a vida dos motoristas em perigo! Confira!
Um levantamento da consultoria americana FreightWatch International detalhou o funcionamento do roubo de cargas no Brasil e os resultados são bastante surpreendentes: a maior parte dos assaltos (37%) acontecem pela manhã (entre 6h e 12h) e não durante a madrugada (20%), como o senso comum reproduz na web.
Outro dado interessante é que 13% dos crimes ocorrem dentro do próprio centro de distribuição, o que suscita a necessidade de pensar em investimentos para prevenir essas incursões, como (1) modernização da segurança eletrônica; (2) aumento do efetivo de vigilância durante a noite (quando o efetivo costuma ser reduzido); (3) seleção minuciosa de sua equipe, uma vez que especialistas indicam que, em 60% dos assaltos a centros de distribuição, a informação vem de dentro (como vazamentos sobre a data de chegada de lotes ou sobre o funcionamento do sistema de segurança).
O programa de gerenciamento de risco deve ser elaborado desde o início do negócio. Começa da escolha do centro de distribuição, que deve ser feita não somente pensando nas facilidades de escoamento dos produtos, mas, sobretudo, na frequência de roubo de carga na região e nas possíveis facilidades que grupos armados especializados teriam em interceptar seus caminhões na rodovia ou mesmo em surpreender a vigilância noturna no depósito.
Caso você tenha um efetivo de caminhões, é importante que todos os motoristas recebam treinamento adequado, simulando situações de assaltos e sendo orientados a planejar previamente suas paradas para reabastecimentos e descansos, as quais devem ser feitas sempre em locais conhecidos e movimentados.
O programa de gerenciamento de riscos a roubo de carga deve conter um cronograma de capacitação que mostre ao condutor os cuidados necessários com falsas blitz, como comunicar a Polícia Rodoviária Federal em caso de possíveis perseguições e formas mais seguras de fazer a carga/descarga das mercadorias.
Muitos roubos ou outras fraudes começam já no momento da compra. É importante fazer uma análise de risco por sistemas de anti-fraude de mercado. Esses sistemas possuem um histórico de compras em sites diferentes e conseguem, através de algoritmos sofisticados, identificar quais entregas estão sujeitas a roubo.
Por exemplo, um pedido com produtos de alto valor, para um endereço onde já ocorreram fraudes no passado, possui uma alta probabilidade de estar sujeito a roubo novamente. Com estes pedidos, os sistemas conseguem realizar uma marcação para a empresa decidir entre, entregar via parceiro, cancelar o pedido ou ainda, deixar o cliente retirar o produto em algum local físico.
Entender qual o plano das transportadoras para possíveis problemas de carga, é uma forma de antecipar-se frente a problemas futuros. Veja alguns pontos que devem ser levados em consideração:
Com essas informações, ficará mais simples avaliar a contratação da transportadora em questão ou ainda, alocar a entrega da carga em alguma outra alternativa, mais segura.
A tecnologia pode ajudar na prevenção por meio do monitoramento de cargas, do rastreamento de entregas e do mapeamento de zonas de risco — tudo isso no intuito de oferecer alternativas de entregas para o consumidor final.
Existem no mercado sistemas de gestão de fretes que, muito além da comparação entre o valor do frete de diversas transportadoras, dispõem de módulos de rastreamento de alta performance, por meio do qual transportadora, embarcador e cliente final sabem exatamente onde o produto está, em qualquer momento da etapa de transporte.
Esses módulos são alimentados com análises de ocorrências e apresentam também recursos de disparo de alertas a cada mudança de status (via SMS ou e-mail a todos os envolvidos).
Alguns sistemas conseguem fazer inclusive o mapeamento de risco, apontando eletronicamente as regiões com maior índice de roubos e as faixas de horários mais críticas, oferecendo, portanto, subsídios para a tomada de decisão e a elaboração de estratégias eficientes de gerenciamento logístico.
Já há alguns anos, uma prática foi adotada por empresas do setor de e-commerce e transportadoras: parametrizar no sistema todos os CEPs de regiões de risco. Você pode conseguir facilmente o mapa de risco de sua cidade junto à Secretaria de Segurança Pública, bem como por meio de pesquisa sobre as características dos roubos praticados às empresas concorrentes (uma espécie de benchmarking negativo) ou ainda, no site dos Correios que também fornecem uma lista completa das áreas de risco.
Outra a alternativa é redirecionar a entrega para locais alternativos mais seguros, agências dos Correios mais próximas ou ainda, utilizar os chamados “lockers” ou “pontos de retirada”.
Com eles, você consegue oferecer uma alternativa mais cômoda e segura para o consumidor final, que pode retirar o produto em um ponto próximo a sua residência, em um horário alternativo, garantindo assim, o recebimento da compra de forma segura.
No Rio de Janeiro, onde mais de 1 caminhão é roubado por hora, essa prática é bastante comum e já auxiliou muitas empresas do setor a evitar a perda de suas cargas. Em virtude dos problemas com o pagamento de franquia às seguradoras e da inevitável mancha à credibilidade das empresas que não conseguem entregar suas mercadorias no destino acordado, essa estratégia é essencial nos dias de hoje para manter a viabilidade do comércio virtual e do segmento de transporte.
Fonte: Ecommerce Brasil