Após registrar pela primeira vez retração no número de pedidos no primeiro semestre de 2016, o e-commerce brasileiro voltou a registrar crescimento e ultrapassou a barreira de 50 milhões de pedidos no primeiro semestre de 2017. A retomada da economia, o aumento da confiança do consumidor e, por consequência, o reaquecimento do mercado influenciaram diretamente esses números, porém outro fator de ordem tecnológica e comportamental também vem contribuindo positivamente para a expansão do setor: o m-commerce.
O relatório Webshoppers 36, lançado pela Ebit no final de agosto, evidencia o quão vigoroso foi esse crescimento. O volume de pedidos aumentou 35,9% (9,2 vezes mais do que o mercado em geral), alcançando um share de 24,6%. Ou seja, praticamente 1/4 das vendas do e-commerce já é realizada por meio de dispositivos móveis. No que tange ao faturamento, a alta é ainda mais expressiva, de 56,2%, consequência da expansão do tíquete médio, de R$363 para R$417, ficando em linha com o mercado em geral (R$418).
Mas por que o m-commerce cresceu tanto? Parte desse fenômeno pode ser atribuída à democratização do acesso 3G e 4G no Brasil. Com isso, os smartphones cada vez mais desempenham o papel de principal ferramenta de acesso à internet, especialmente entre as classes menos abastadas. Por esse motivo, a categoria telefonia e celulares foi a que registrou o maior crescimento no primeiro semestre de 2017, na comparação com o mesmo período do ano passado, com 33% mais pedidos e 43% de alta no faturamento. A categoria corresponde a 9,5% de todas as vendas do mercado.
Os lojistas já perceberam que o crescimento das vendas passa pelo m-commerce. Prova disso é o fato de muitas empresas estarem investindo no aprimoramento da experiência do consumidor, melhorando os sites responsivos e aplicativos, oferecendo também vantagens comerciais para alavancar as vendas nos smartphones.
Com mais gente acessando a internet, cresce também o número dos usuários que utilizam a grande rede como fonte de consumo. O Webshoppers 36 mostra que o número de pessoas que realizaram pelo menos uma compra online no primeiro semestre de 2017, em relação ao mesmo período de 2016, cresceu 10,3% para 25,5 milhões de pessoas. Em tempos de crise, o preço torna-se um fator ainda mais importante para a decisão de compras. Com isso, as já conhecidas vantagens oferecidas pelo comércio eletrônico, como preços baixos e informações sobre produtos, também contribuem para o aumento do mercado em geral e do m-commerce.
Com a presença de três importantes datas — Dia das Crianças, Black Friday e Natal —, a tendência é que o e-commerce acelere essa toada. O número de pedidos deverá sofrer um impulso forte e crescer 6,5% no ano (a taxa semestral foi de 3,9%). Se no primeiro semestre de 2017 a alta de faturamento verificada foi de 7,5%, com R$21 bilhões, para o segundo semestre, há a expectativa de que esse percentual fique entre 12% e 15%. Com isso, a Ebit revisou para 10% a previsão anual, retomando os dois dígitos de crescimento de antes da crise econômica.